Chegamos à querida nutri Ana Paula Martins logo depois de nossa primeira e frustrada experiência com o montanhismo de altitude (em 2014) quando tive uma complicação física durante um ataque ao cume de uma montanha nos Andes, por volta dos 5800m de altura, decorrente de muitos fatores, dentre os quais, a dieta tão restritiva que eu vinha seguindo. Até então, nós, que sempre fizemos esportes, encarávamos o acompanhamento nutricional como sendo sinônimo de prescrição de muitos suplementos e restrições alimentares. Longe de ser um prazer, comer era uma “prova”: tínhamos que seguir as regras à risca na esperança de tirar uma boa “nota” nos exames de percentual de gordura e massa magra. Nossas compras – bem caras, por sinal – se resumiam à sessão light/diet do supermercado, à farmácia e à loja de suplementos, de onde vinham os muitos termogênicos e inibidores de apetite. Contudo, em vez de tirar uma “boa nota”, o que surgiu foi uma série de desequilíbrios: problemas hormonais, adoecimentos constantes e muito estresse. O fato é que a nossa relação com a comida era de profunda desconfiança e medo, como se ela fosse algo potencialmente danoso e que, portanto, precisava ser milimetricamente calculado e controlado.
Contudo, intuíamos que uma alimentação tão distante do natural era muito contrastante com as incríveis experiências que estávamos começando a viver por meio do montanhismo de altitude. Os rótulos incompreensíveis, os sabores artificiais e as grandes corporações alimentícias por trás do que comíamos não pareciam fazer sentido em relação ao caminho para o qual as montanhas vinham nos convidando.
Em nossa primeira consulta com a Ana Paula, já fomos recebidos com seu sorriso largo, sua presença sempre atenta, acolhedora e muito cuidadosa – um cuidado revestido de muita consistência e rigor profissionais: tivemos uma verdadeira e belíssima aula de nutrição esportiva e funcional, com direito a dados de estudos recentes, explicações detalhadas sobre o funcionamento do nosso organismo e sobre as funções de cada alimento, inclusive medicinais. Quanto a isto, havia algumas semanas que o Hugo estava tentando se recuperar de uma crise aguda de gastrite. A Ana Paula, então, sugeriu que ele tomasse um chá feito a partir de dois alimentos, nada de remédio comprado na farmácia. E foi o que o curou. Felizes com este resultado, fomos às compras para colocarmos em prática o novo projeto alimentar, mas agora não iríamos ao supermercado e nem à loja de suplementos, e sim à feira! A primeira compra foi tão farta, repleta de cores, cheiros, promessas de receitas deliciosas e nutritivas, que fiquei emocionada ao tirar da dispensa todas as embalagens light/diet e aqueles tantos potes de suplementos. Saiu o termogênico em pó, entraram o gengibre e a canela; saiu o inibidor de apetite, entrou a banana verde para biomassa; saíram os adoçantes, entrou o açúcar de coco; saiu a gelatina light, entraram as frutas e o chocolate cada vez mais puro; saiu o leite de vaca desnatado e sem lactose e entraram as amêndoas e o coco para o leite vegetal; saiu o pão “integral” e entraram as farinhas de grão de bico, de castanhas, a quinua, o amaranto, a cúrcuma e outros alimentos que prometiam juntos render um delicioso pão caseiro. Foi um verdadeiro detox da despensa!
As idas ao supermercado foram ficando cada vez mais raras e, por sua vez, as idas à feira passaram a ser semanais. Disto foi um caminho natural até as compras feitas exclusivamente em feiras orgânicas, o que nos rendeu o contato direto com o pequeno produtor. O interessante é que mesmo comprando apenas orgânicos, ao final do mês descobrimos que o custo total era menor do que aquele ao qual estávamos habituados no supermercado e nos suplementos.
Mais raras ainda passaram a ser as idas à farmácia. Fomos descobrindo o poder preventivo e medicinal dos alimentos. O detox que fizemos na despensa também se deu nos nossos corpos e então o caminho estava “limpo” para que cada um deles fizesse seus efeitos.
Com o tempo, a relação de medo que tínhamos com a comida, passou a ser de satisfação e alegria. O projeto alimentar que a nutri fez para nós era simplesmente delicioso! Segui-lo era um prazer tanto pelos sabores, como por seus efeitos: corpo voltando a funcionar bem, hormônios equilibrados novamente, além de uma melhora considerável em nossa performance nos treinos e dos resultados físicos. Um detalhe: somos vegetarianos e praticamos esportes de muita intensidade. Mesmo assim, desde que somos acompanhados pela Ana Paula, tivemos um grande aporte de massa muscular e perda de gordura corporal, de forma equilibrada e ajustada às nossas necessidades no montanhismo de altitude. O trabalho com a nutri foi fundamental para a superação da primeira experiência frustrada na alta montanha em 2014, e a feliz conquista de muitos cumes nos anos seguintes, inclusive o tão sonhado primeiro cume de 6000m de altitude em 2015.
Em meio a tantas descobertas, percebi que adoro cozinhar! Preparar minha própria comida tornou-se um exercício de cuidado, de criatividade e, principalmente, de autonomia – uma conquista muito valiosa quando penso nos custos e perigos de delegarmos ao dono do restaurante ou à indústria alimentícia o poder de decidirem o que comemos.
A cada descoberta, dúvida e insegurança, a Ana Paula comemorou, atendeu, esclareceu, apoiou e nos encorajou. Foi e tem sido mais do que uma nutricionista competente: uma fonte de cuidados potentes e transformadores que ajudaram a brotar em nós muitas das mudanças pessoais que vivemos.
O que nos conduziu ao montanhismo foi o desejo ardente de resgatar a nossa integração com a natureza. Mas foi no consultório da nutri que descobrimos que esta integração se faz diariamente por meio do alimento: a natureza não está apenas nas montanhas, está no meu prato, no meu corpo. O produto industrializado que consumíamos antes não era comida, era mercadoria feita para dar lucro para a empresa que a produziu. A comida, por sua vez, é dádiva democrática da terra, patrimônio da natureza. E ao nos darmos conta disso, passamos a nos relacionar de outra maneira com o alimento, com os nossos corpos, com a terra que produz de forma cíclica, com aqueles que o plantam e colhem. O maior efeito desta transformação que vivemos despertados e inspirados por nossa nutri, foi o de termos mais respeito: respeito pela natureza, por sua força geradora de recursos, de alimentos, respeito pelos outros e respeito por nós mesmos, pela vida como um todo.
Foram tantos ganhos, tantas conquistas, tantas transformações ao longo desta experiência de parceria! Essas palavras são apenas a tentativa de expressar um pouquinho do nosso reconhecimento, de nossa alegria e profunda gratidão ao cuidado generoso da querida nutricionista Ana Paula Martins.
Sobre a autora
Sou formada há mais de 15 anos em nutrição, nunca me conformei apenas com números e calorias, sempre acreditei que houvesse mais a respeito do alimento e como ele se comporta em nosso organismo, sempre achei que o indivíduo deveria ser olhado como um todo, foi então que decidi me especializar e busquei na nutrição funcional, o caminho para encontrar minhas respostas. Me especializei em nutrição clínica, fitoterapia e em nutrição esportiva, pelo Centro de Ensino Valéria Pascoal. Sempre acreditei que a busca pelo conhecimento, poderia mudar a vida dos meus pacientes. E assim até hoje, busco me atualizar sempre, pois a nutrição é uma ciência em movimento.
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